16 novembro, 2008

Templo romano do Séc. I descoberto em Braga




Há precisamente três semanas, quando visitava uma cidade no sul de França, deparei-me com umas escavações arqueológicas que estavam a decorrer em plena via pública à vista de todos os transeuntes. Não resisti em perguntar a um operário que trabalhava no local, acerca da importância do trabalho que estavam a desenvolver. De imediato, o operário chamou um membro da equipa de arqueologia, que me explicou que estavam na 2ª fase de escavações, a pedido da Câmara Municipal local. Pelos vistos, a autarquia pretendia abrir um acesso desnivelado a uma via de escoamento de tráfego. Dada a natureza dos achados arqueológicos, o projecto foi abandonado. Estas escavações continuaram para avaliar a possibilidade de deixar os achados visíveis (enquadrados num pequeno jardim) ou pura e simplesmente para os soterrar (deixando a estrada como estava).
Moral da história: Primeiro fazem-se os estudos e só depois se avançam com os concursos das obras.


Hoje, constitui notícia de primeira página do Diário do Minho, a descoberta no local de passagem do túnel da Av. Central, pelos arqueólogos da Universidade do Minho, de um templo romano do Séc. I.

Segundo a mesma fonte: A grandeza da descoberta levou já a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho a defender a musealização “in situ” do achado, proposta que implica que a circulação rodoviária se faça por viaduto, a partir da zona dos antigos CTT. Ponto assente é que já não será possível prolongar o túnel da Avenida da Liberdade para além do quarteirão dos antigos Correios.

Agora resta saber se a CMBraga vai abandonar o projecto de requalificação do Topo Norte da Avenida da Liberdade e Espaços Conexos, ou se vai continuar a alimentar a tese de que o património romano em Braga, foi todo destruído aquando das invasões bárbaras, ou se pura e simplesmente vai suspender todo o processo já iniciado.

Irá o IGESPAR considerar a relevância deste templo romano, obrigando Mesquita Machadoa desistir do projecto, ou vai permitir que este tome essa ou outra decisão autonomamente?

12 comentários:

Anónimo disse...

Que tenham o bom senso de não destruir este património romano e que o recuperem, como já deviam ter feito com as ruínas da cividade. Se querem requalificar a avenida da Liberdade nada melhor do que torná-la parte do centro histórico da cidade, em vez de prolongar um túnel com muito menos interesse a todos os níveis. Braga tem a faca e o queijo na mão para se tornar cada vez melhor, só é pena que os responsáveis só pensem em betão...

Anónimo disse...

Através da manutenção e requalificação das novas descobertas (digo novas, porque somos como S. Tomé: ver para crer) Braga pode ganhar mais num futuro próximo, do que com o prolongamento do túnel.

Talvez a Câmara pudesse fazer um concurso de ideias (muito em voga para jovens arquitectos) para promover novas visões sobre como "contornar" o problema e torná-lo uma solução plausivel.

Anibal Duarte Corrécio disse...

Ironia da História : no final das três décadas que já leva à frente da destruição de Bracara, é a mesma que se vai encarregar das exéquias...Abraço...Maldito !

Miguel Marques disse...

Permita-me um comentário sobre estas escavações...arqueológicas e políticas.
Porque será a UAUM a apresentar uma solução arquitectónica e de engenharia para a avenida da Liberdade? Não há projectistas que o façam no município? Pensem bem porque é que são os arqueólogos a sugerir um viaduto que se desvie do suposto templo e que passe pelo quarteirão dos CTT? Será que estes bodes expiatórios, paus-mandados que não se deixam pressionar, estão já a dizer que interessante era a CMB fazer a ligação do túnel ao parque de estacionamento do novo shopping de Braga? Assim o MM já tem desculpa para atrair mais investimento para pagar o excedente que a Britalar vai cobrar pelos atrasos da obra. Não foi assim que funcionou ou funcionará com o Dolce Vita?
E já agora, eu só vi as fotos no jornal, mas como é que aqueles arqueólogos, baseados num muro rectilineo, cobertos nas extremidades por terra, conseguem afirmar que aquilo é um templo? Onde estão os dados que atestam isso, tendo em conta que a área aberta não deve corresponder a 5% dos 300 m2 que dizem que o templo teria. E se não for templo, dizem que podia ser um Basilica - já agora, senhores arqueólogos, as basílicas romanas ficavam no forum da cidade romana. Ali, que nós saibamos, os limites da cidade romana estão já no Largo Carlos Amarante, logo ali estamos bem fora de Bracara Augusta. Além do mais vi poucas intervenções arqueológicas e muitas intervenções com maquinaria pesada. Assim não há arqueologia que aguente. Digamos que convinha o amigo Farricoco indagar onde acaba a arqueologia e começa o jogo das negociações..."vocês libertam o túnel ou dizem que o melhor é fazer um acesso pelos CTT e eu dou-vos 1.300.000€ para as carvalheiras que estão paradas há 20 anos,ou financio mais uns anos o teatro romano".Porquê conservar um muro romano em plena avenida, quando irão destruir sepulturas, canalizações, via e calçada romana precisamente nos CTT? Quem avalia a importância dos achados? É o MM,a UAUM ou o IGESPAR? Parece-me que desviar o túnel para um acesso directo à estrutura que nascerá nos CTT será a cereja em cima do bolo!

Anibal Duarte Corrécio disse...

Pertinente !

Zé de Braga disse...

caro Miguel:
Não sei o que o move contra a Unidade de Arqueologia da UM.
Também não vejo problema algum em ser um arqueólogo propòr que o trânsito seja feito em viaduto. Quanto ao projectista, certamente que a Unidade de Arqueologia, não tem literalmente nada a ver com a situação.

Miguel Marques disse...

Caro Zé,

contra a Unidade de Arqueologia da UM nada tenho contra, apenas sou um desalinhado quanto a algumas políticas metodológicas instituídas. Vida longa para a Unidade de Arqueologia, desde que os seus técnicos hajam de forma correcta.
Pela sua foto, percebo que gosta das 7 Fontes.Vamos ver que parecer dão os técnicos da Unidade a este assunto.

Anónimo disse...

Estranho é que não não tenha existido previamente um diagnóstico arqueológico (À semelhança do que se faz em todas as zonas arqueologicamente sensiveis do pais) com o intutito de averiguar previamente ao inicio da empreitada do real potencial arqueologico e cientifico do sitio e assim dispor de uma base mais segura para se avançao (ou não ) com o projecto.

Não é agora quando já foram gastos milhares de euros do bracarense em estudos, concursos e inicio de obras que se propoe uma medida destas.

Errado é o gabinete de arqueologia da câmara e a própria Unidade de Arqueologia (conhecedores previamente do projecto - alias como todos os bracarenses) não tenha proposta esta medida previa. Assim gastava se apenas o dinheiro na arqueologia e não nas indeminizaçoes que vao ter que se pagar ao adjudicatario (Britalar) por se ter iniciado a obra.

Tudo isto é muito estranho.

Zé de Braga disse...

Caro Lois:
Infelizmente já estamos habituados a ver as obras avançarem antes dos devidos estudos.
Assim, é mais fácil tomar decisões, utilizando argumentos do tipo "depois de tanto dinheiro investido, não se pode voltar com a obra atrás".

Anónimo disse...

Caro Ze de Braga:

Mas eu aceito esse argumento, pq não quero que andem a brincar com o meu dinheiro que me custa tanto a ganhar.

O que eu não aceito é que a culpa morra solteira e começo a ficar farto de ver isso acontecer.

E em Braga acontece sempre isso. Existe mt dinheiro investido em arqueologia em Braga onde est'a ele?

Zé de Braga disse...

Plenamente de acordo, caro Lois, mas quando isto é feito com má fé, valha-nos Deus...

Anónimo disse...

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