30 maio, 2008

Mesquita Machado e um Negócio do “Catano” – vai a culpa morrer órfã?

O caso prende-se com a venda de uma parte da Quinta da Madre de Deus, conhecida por Quinta dos Órfãos de S. Caetano, efectuada em 2005, pela direcção do Colégio - representada pelo cónego Veloso e com o aval do então vigário-geral da Arquidiocese, cónego Eduardo Melo, às empresas Britalar, Imogreen, MinhoInveste e Alves & Araújo.

O advogado que o próprio tribunal reconhece ter sido determinante na concepção do negócio ruinoso é Vespasiano Macedo, sendo que o jurista é também administrador da construtora "Britalar" e da imobiliária "Imogreen", duas empresas bracarenses presididas por António Salvador, também presidente do Sporting Clube de Braga. (in: Expresso on line, 30 de Maio)

Embora o tema já fosse do domínio público de há uns anos a esta parte, agora foi o próprio tribunal a confirmar um alegado interesse particular Mesquita Machado na “negociata” dos terrenos do Colégio de S. Caetano.

Vejamos alguns excertos da imprensa diária:
Dois negócios ruinosos para uma instituição de solidariedade social beneficiam quatro empresas de construção civil de Braga. É a grande conclusão a reter das decisões judiciais que condenam o Colégio de S. Caetano a consumar as negociações arquitectadas por um advogado de Braga com interesses directos em duas das empresas que ganham com as negociações. O buraco em que caiu a instituição só não foi maior, porque um terceiro negócio que envolvia uma quinta do presidente da Câmara de Braga foi travado a tempo. (In: Expresso on line, 30 de Maio)

O presidente da Câmara Municipal de Braga negou hoje ter qualquer "interesse particular" no processo de loteamento da Quinta da Madre de Deus, que deu origem a um litígio judicial entre um organismo da Igreja e quatro promotoras imobiliárias (Lusa, 28 de Maio).

Durante o processo, que envolveu a venda de terrenos e uma permuta entre duas quintas, o Tribunal ouviu várias testemunhas que referiram que o autarca terá dado garantias de loteamento para os terrenos da Quinta da Naia, isto antes de o PDM ser revisto, processo que só agora começou. (In: JN, 28 de Maio)

Durante as audiências, foi, ainda, apontada uma eventual tentativa de permuta de terrenos da quinta de Madre de Deus - pertença daquele colégio - com uma quinta da mulher do autarca, em Vila Verde, facto que este vem, agora, negar (Lusa, 28 de Maio).

…. segundo noticiou ontem o Diário do Minho, o acórdão do tribunal dá como provado que o autarca do PS, Mesquita Machado, teve um papel determinante neste negócio que acaba por representar um prejuízo de três milhões de euros para o colégio. Segundo aquele diário, o acórdão dá como provado que foi feito um estudo económico onde se concluía que "o negócio só se tornaria muito vantajoso para o colégio se houvesse garantias idóneas" da possibilidade de, a curto ou médio prazo, a Quinta da Naia se tornar urbanizável. Essas garantias, acrescenta o acórdão, foram dadas pelo senhor presidente da Câmara Municipal de Braga", numa reunião mantida com membros da antiga direcção do colégio. (In: Público, 30 de Maio).

Face ao teor da decisão judicial, que refere uma alegada promessa de Mesquita Machado de autorização de loteamento da Quinta, a Coligação "Juntos por Braga (PSD/PP/PPM) perguntou, em conferência de imprensa, "que garantias prestou Mesquita Machado aos responsáveis do Colégio de S. Caetano, da possibilidade de alteração da natureza dos terrenos que a instituição iria receber como contrapartida no quadro da alienação da Quinta dos Órfãos" (In: JN, 28 de Maio).

A Oposição considera que o Ministério Público deveria investigar o alegado envolvimento do presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado, num negócio de terrenos que, segundo foi reconhecido esta semana em tribunal, lesa o Colégio de São Caetano em três milhões de euros, e beneficia quatro empresas de construção civil de Braga (In: Público, 30 de Maio).

Agora vamos ao lava maõs de Mesquita Machado.

O líder da oposição, Ricardo Rio diz:
- Ou o cidadão Mesquita Machado, Presidente da Câmara, depois de ter negado estes factos consegue justificar e demonstrar que as provas que foram apresentadas em tribunal não têm fundamento, ou está a mentir descaradamente aos bracarenses e tem que se demitir (In: O Balcão, 30 de Maio)

Mesquita Machado remata:
- Quem se deveria demitir era a oposição, que à falta de mais matéria, vai buscar esqueletos ao armário (in: O Balcão, 30 de Maio).

Sr. Predidente: OLHE QUE AINDA EXISTEM MUITOS ARMÁRIOS REPLETOS DE ESQUELETOS......PREPARE-SE PARA TIRAR MAIS UM COELHO DA CARTOLA. MAS TENHA CUIDADO, PORQUE PODEM HAVER MAIS ESQUELETOS NOS ARMÁRIOS, DO QUE COELHOS NA CARTOLA...

Demita-se o presidente, demita-se a oposição, mas desta situação, os bracarenses é que não se podem demitir.

Como cidadão, “demito-me uma ova”, pois se o Presidente da Câmara diz que já esclareceu tudo, não significa que os munícipes tivessem ficado esclarecidos.

Ninguém duvida da seriedade de Mesquita Machado, ou serão os tribunais que estão a agir de má fé?.

Irá a culpa morrer órfã?

10 maio, 2008

A angustia das estátuas em quarentena

Muitos cidadãos após deixarem este mundo, continuam presentes na memória do seu povo. Normalmente, são pessoas ilustres, naturais e/ou residentes duma dada localidade, que ficaram conhecidas pela sua obra em vida, seja ela de índole literária, religiosa, desportista, artística, científica, humanista, etc, etc...

Por isso, com o passar dos anos, é natural que os seus conterrâneos queiram reconhecer de alguma forma esse esforço e homenagear tais pessoas, sendo uma das melhores maneiras, o simples erigir de um busto ou até de uma estátua em local público.

No entanto, a colocação de estátuas na cidade de Braga, obedece a regras um tanto ao quanto sui generis, regras essas em que as estátuas dos ilustres bracarenses passam invariavelmente por um período de quarenta, "escondidas" durante alguns anos em armazém, até aguardarem pelo momento oportuno de saírem à rua. Ou seja, têm que passar por uma espécie de purgatório, até que o povo esqueça.

Exemplos não faltam.
1 - A da estátua do Comendador Santos da Cunha, que após alguns anos bem guardada, lá foi colocada na rotunda de Maximinos, com o beneplácito da CMB.

2 - A estátua do arcebispo D. João Peculiar (que regala a vista aos turistas e à rapaziada cá do burgo), atribuída ao escultor Raul Xavier, que morreu em 1964. A ser verdade quanto à sua autoria, na pior das hipóteses, esta estátua esteve em armazém, pelo menos 40 anos.

3 - Presentemente, os bracarenses estão a braços com mais um berbicacho, que se prende com a polémica estátua do polémico Cónego Melo, há 15 anos guardada num armazém, ao que consta, propriedade do município bracarense.

Adorado por uns e odiado por outros, o Cónego Melo faz parte da história da cidade de Braga para o bem e para o mal. Quer queiramos quer não, foi uma figura bastante polémica, seja pelo seu envolvimento na luta da Igreja contra a tentativa do PCP implantar o comunismo em Portugal (Verão quente de 1975), seja ao nível dos cargos que desempenhou no SCB, na igreja bracarense, seja pelo tráfico de influências, etc. etc. Até foi condecorado pelo então Presidente da República o Dr. Mário Soares, pelos serviços prestados à Democracia, e um dos poucos detentores da medalha de ouro da cidade de Braga.

Após a sua morte, ainda o corpo não tinha arrefecido, já as movimentações em torno da nova tentativa de colocar a sua estátua na praça pública faziam-se sentir, pois em vivo o povo não autorizou.

Perante uma personalidade tão complexa como polémica, a colocação da referida estátua não deixará certamente, de constituir um pomo de discórdia entre os bracarenses. A história não deve e nem pode ser escrita pelos seus protagonistas. Isto para bem da verdade e do rigor. Deixem a história seguir o seu rumo, pois o tempo é um bom conselheiro.

No entanto, outros bracarenses ilustres como D. Diogo de Sousa, André Soares e Carlos Amarante, pelo legado que nos deixaram, esses sim, seriam os justos merecedores de uma estátua na cidade de Braga.

Nota:
O Diário do Minho tem em curso um inquérito, em que cada indivíduo vota quantas vezes quiser e, é notório que existem pessoas que passam horas a brincar às votações, pelo que o inquérito certamente não traduzirá a vontade do povo.

06 maio, 2008

Um preserbaculativo muito peculiar

De há uns tempos para cá, os fins-de-semana têm sido bastante agitados lá para as bandas do centro histórico de Braga.
Já muitas vezes tenho visto algo de semelhante; mas para não vos cansar, vou apenas contar-vos o que vi no passado Domingo, logo pela manhã: quando passava junto desta recente atracção turística bracarense, deparei-me com uma situação insólita (desculpem a minha inocência), digna da célebre expressão do nosso conterrâneo Repórter Alfa “tal como vossas mercês podem ver claramente visto”. Ao longe, pareceu-me uma teia de aranha (desculpem outra vez a minha inocência), sinal de falta de uso. Falta de uso??? Seu inocente, interroguei-me a mim próprio. A realidade é precisamente o contrário: Um Preserbaculativo….
Porém, este facto não passou despercebido aos vários turistas que por lá passavam. Certamente não se aperceberam da beleza arquitectónica dos edifícios do Largo de S. Paulo, mas ficaram de tal forma entusiasmados com o Báculo tão peculiar, que desde telemóveis a máquinas fotográficas, tudo servia para fotografar a nossa “Vedeta”.
Apresentada inicialmente como símbolo da fundação da nacionalidade, é venerada presentemente pela rapaziada cá do burgo, sobretudo pelas moças que se dependuram no peculiar báculo beijando-o, e até há quem diga que parece exercer função purificadora e propiciatória do culto da fertilidade.
O jornal “Público” que hoje tem uma chamada na primeira página dizendo que 25% dos portugueses nunca usaram preservativo, poderia utilizar esta imagem como o exemplo que os homens devem seguir quando querem ter relações fora da sua parceira habitual. Pois se até um arcebispo o usa! O exemplo deve sempre vir de cima!
Irreverência? Vandalismo? Atentado à liberdade religiosa? Falta de civismo? Concorrência ao “Bananeiro” da Rua do Souto? Talvez de tudo um pouco. O presente facto não deveria constituir um motivo de reflexão para os bracarenses?

04 maio, 2008

O velho e o novo político orrupto

O velho político corrupto limitava-se a roubar. O actual político corrupto transformou o roubo em sistema, o sistema em militância, a militância em substituição das leis e instituições, rebaixadas à condição de entraves temporários à construção da democracia.
O velho político corrupto roubava para si próprio, individualmente ou em pequenos grupos, moderando a audácia dos golpes pelo medo das denúncias. O actual político corrupto rouba com a autoridade moral de quem, ao arrogar-se os méritos de um futuro hipotético, já está absolvido a priori de todos os delitos do presente; rouba com a tranquilidade e o destemor de quem pode usar licitamente de todos os meios, já que é o senhor absoluto de todos os fins."
Há quem ache que ele é um patrimonialista que tira proveito do poder em termos de enriquecimento ilícito pessoal, não tenho dúvida. Por outro lado, ele também não tem espírito democrata, no sentido de que o cargo para que foi eleito, deve ser exercido com impessoalidade. Ele acha que pode beneficiar amigos e correligionários, distribuir benesses. Ele não tem espírito democrata, talvez por falta de formação. É um homem muito obscuro, mas a sua formação intelectual limitada contribui para isso."
“Autor desconhecido”