As tradicionais procissões associadas às solenidades da Semana Santa, parecem ter sido antecipadas em cerca de 3 semanas, tendo-se iniciado com a “procissão da burrinha - o enterro do professor”. A burrinha não desfilou. Apesar de se ter quedado lá pela 5 de Outubro, esteve presente nos corações de todos os participantes, tal como se podia ler no rosto de cada um.
Foi isso que aconteceu esta noite em Braga. Cerca de 5000 professores do ensino básico e secundário, deram corpo a numa vigília, percorrendo várias artérias do centro da urbe, num cortejo que demorou uma boa meia hora a passar, tendo como destino final a Praça do Município, que pareceu pequena para acolher tantos manifestantes (ou melhor 5000 sindicalistas e comunistas nas palavras sábias de José Sócrates).
Foi uma daquelas manifes convocadas por sms e e-mail, obviamente sem conhecimento nem consentimento prévio do Governador Civil (ninguém vai preso). A desobediência pública apenas mostra a força do povo.
Entoaram-se palavras de ordem como já não se ouvia há 30 anos nesta cidade: “o povo é quem mais ordena”, “a escola não é tua, ministra para a rua” entou-se a Grândola, fazendo lembrar as manifes do tempo do PREC.
Das rosas prometidas, apenas deram os paus com espinhos. Quer queiramos quer não, estas manifestações que se estão a verificar um pouco por toda a parte, numa espécie de reacção em cadeia, estão a ter um enorme impacto na comunicação social. Não têm organizadores e o seu efeito de bola de neve torna-as irreversíveis e de consequências imprevisíveis. São um pequeno teste para a grande concentração de professores a realizar no próximo dia 8. Certamente que o impacto ainda será maior, a não ser que José Sócrates demita a ministra (autêntico erro de casting) no dia 7, numa tentativa de desmobilizar esta mega manifestação, antes que ela se torne uma manifestação contra o governo e não só contra a Ministra da Educação.