08 julho, 2008

Depois de Maiakovskij

Na primeira noite, eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam o nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

(Majakovskij, 1894-1930)


Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes e subjugados aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio: porque a palavra, há muito se tornou inútil
- até quando?...

3 comentários:

Anónimo disse...

governantes? Só governantes?

Não creio.

Creio mais em patos-bravos, srs e donos de algumas empresas, exploradores natos, burros que nem portas, narizes empinados, amantes do automobilismo e das suas componentes, das casas na praia, no monte, na cidade. Amantes das fugas, da irresponsabilidade civil.

É destes que o país está cheio.

Zé de Braga disse...

Plenamente de acordo. Esse mundo cinzento que nos mata aos poucos

Anibal Duarte Corrécio disse...

Meus Caros Amigos ! Não vos deixeis afundar no pessimismo ! Compartilho do que disseram mas saio pela porta do pessimismo optimista...Excelent post ! Um abraço...maldito !