15 julho, 2008

O sub-desenvolvimento político: o seu reflexo é a política vista como profissão


Difícil conceber como honestos os desígnios daqueles que elegem a política como ocupação exclusiva. A desfaçatez cede quando o profissional da política utiliza a conquista do poder para atingir propósitos de natureza pessoal e familiar.
Os políticos profissionais a que me refiro são aqueles que não exercem outra profissão definida além daquelas actividades relacionadas ao preenchimento de cargos públicos eletivos, sendo que é a partir do perverso sistema da conquista de mandatos públicos que essas pessoas se mantêm, tal qual gigolôs, empregando os parentes e adquirindo bens e mais e mais privilégios não alcançados pelas vias do trabalho árduo, este comum apenas aos trabalhadores que são os verdadeiros geradores de riquezas.
A política para essas pessoas é vida e morte, pois não aceitam nem mesmo que a vontade popular os afaste da vida pública. No intuito de se preservarem nas posições de poder corrompem a vontade popular, compram votos, aproveitando-se da miséria da população, mentem, abusando da credulidade de alguns, convertem antigos adversários em aliados, pelo suborno ou ameaça; enfim, socorrem-se das ferramentas de que os políticos profissionais são mestres no manejo: improbidade administrativa, corrupção eleitoral, nepotismo, mentira e perseguição.
Uma breve reflexão sobre os actores com militância na política mais próxima irá revelar uma situação para a qual, a princípio, muitos ainda não compreenderam a importância e o reflexo, como chaga para o desenvolvimento regional. De um lado temos os “barões da política”, que são aqueles que sobrevivem às custas das mesmas práticas atribuídas ao “baixo clero” da actividade pública, com o diferencial de que esses destacados oligarcas aplicam os grandes golpes e realizam as maiores “maracutaias”.
Esses predadores mimetistas em geral não têm profissão definida muito menos exercem o papel de geradores de riquezas, podendo até dispor de um grande património, porém, este foi construído às custas de muita corrupção e desvio de recursos públicos. O sistema do parasitismo político também conta com os políticos profissionais do “baixo clero”, que são aqueles que vivem a esmolar perante os poderosos, a dar pequenos e sucessivos golpes em candidatos a deputados abastados e inexperientes.
Esse segmento tem o encargo típico de “pequenos correctores de votos”, contribuindo, com sua repulsa ao trabalho honesto, para o estrelato eleitoral promovido pelos mimetistas predadores da política.
Os integrantes desse segmentos sonham em crescer na actividade para a qual se sentem vocacionados, alcançando o topo do perverso sistema, contudo, como são rasteiras as suas práticas, sendo reconhecidos pela população como meros lacaios dos poderosos, e, mais, como não interessa aos “barões da política” o desenvolvimento social de tais “inconvenientes” indivíduos, não recebem mais que uma votação pífia quando se aventuram em candidaturas geralmente a vereador.
Por tudo que foi exposto, constatamos que a comunidade somente obterá um salto de qualidade na sua classe política, quando ela varrer efectivamente da actividade pública os profissionais da política, que não exercem qualquer outra actividade que lhes garanta a sobrevivência, uma vez que esses, pelo exacerbado apego ao poder, são os que cometem, como ferramentas de sobrevivência política, os maiores actos de corrupção, nepotismo, mentira e perseguição, atravancando o desenvolvimento económico e apropriando-se para si e para a família oligarca, da maior parte das riquezas produzidas pelos cidadãos honestos, que se vêem espoliados por meio dos impostos arrecadados pelo Estado que são destinados quase que exclusivamente para a manutenção de uma casta de malfeitores.
Luiza Sales

2 comentários:

Anibal Duarte Corrécio disse...

Aí...Luiza Sales ! Como disseste tanto e de tamanha importância em tão breves linhas ! Hei-de cá voltar para madurar...nesse belo texto!Um abraço...maldito !

Anónimo disse...

Anda lá, Zé, bota nomes cá pra fora.