07 maio, 2009

Protecção das Sete-Fontes: Urgente

Por: Carlos Santos

Venho por este meio informar e alertar as instituições responsáveis para a necessidade de alteração do actual projecto urbanístico das Sete Fontes, apresentado pela Câmara Municipal de Braga (CMB). Como é evidente face aos factos acumulados ao longo dos últimos 35 anos, as Sete Fontes não tiveram a protecção devida por parte da autarquia.
Além da destruição da fonte que fazia o abastecimento à cidade, e que se encontrava no Largo São Francisco, desconhece-se em que estado se encontram as galerias a partir da Rua do Areal, zona em que o sistema cruza a circular construída na década de 90, até à zona do Largo de São Francisco. Em 1995 a Câmara Municipal permitiu também a destruição de uma mãe de água e de parte do complexo, para a construção de um edifício residencial.
A adicionar a estes factos, temos a Planta de Ordenamento de 2001, a qual tinha como urbanizável toda a zona do Complexo das Sete Fontes. Dando continuidade ao que tinha sido construído na década de 90. Como se pode observar na imagem em anexo, obtida através da sobreposição da planta de ordenamento com a imagem em satélite disponibilizada pelo Google Earth. (Imagem: “Sete Fontes PI”)


Contudo com a classificação das Sete Fontes, e com a crescente pressão da comunidade, a CMB apresentou um projecto para a zona das Sete Fontes, o qual prevê um Parque Urbano, a Nova Variante de “Gualtar”, diversas novas rodovias e várias zonas dadas como urbanizáveis. Tendo sido o projecto enviado ao IGESPAR.Apesar de ser evidente que:

  • o Hospital Central devia ter utilizado os terrenos adjacentes tidos como urbanizáveis e que não invadiam a zona de Protecção das Sete Fontes;
  • a Variante devia também ter sido desviada da zona de protecção e se necessário integrada em parte no projecto do Hospital Central;
  • as novas vias de circulação que pretendem criar, deviam ter sido colocadas nas zonas urbanizadas na década de 90, nas zonas urbanizáveis da Planta de Ordenamento de 2001, e fora da área de protecção do imóvel.
    Contudo, resta-nos lidar com o estado actual dos acontecimentos, e tentar alterar o que ainda é possível alterar, com o intuito de proteger o património e criar zonas de lazer e de atracção turística que representam mais valias únicas para o município.

Este facto é muito mais importante do que criar pequenas zonas residenciais, que representam uma perda acentuada do valor que pode ser obtido com o novo Parque Urbano e com as devidas infra-estruturas de apoio e de valorização de todo o complexo.Em anexo pode ver-se o actual projecto da CMB, e os restantes dados obtidos da Planta de Ordenamento de 2001. (Imagem: “Sete Fontes PA”)

Face ao projecto apresentado pela CMB, torna-se evidente que as áreas tidas como urbanizáveis que invadem a zona de protecção têm que ser consideradas inadmissíveis, uma vez que se trata de uma zona densamente urbanizada, e não existe qualquer motivo para se invadir ainda mais, a zona de protecção.Os novos arruamentos que pretendem criar dentro da zona de protecção são também de utilidade duvidosa, pelo que seria possível obter uma infra-estrutura rodoviária adequada, através da melhoria desta, nas zonas já urbanizadas, que se encontram na periferia do futuro Parque e respectiva zona de protecção. Principalmente a Nordeste tida como urbanizável, e na zona Sudoeste onde pode e deve ser reforçada a ligação entre os dois lados divididos pela “Circular Interna”.

Um novo Parque Urbano para ser devidamente aproveitado, tem que possuir todas as infra-estruturas de apoio que permitam que seja não só um local de lazer, mas também uma zona de atracção turística para o município, entre outras necessita de:

  • um Museu que abranja o tema da água, a história das Sete Fontes, e que integre também todos os achados, de futuros trabalhos arqueológicos, que estão por realizar no local (estudo do abastecimento à cidade Romana, Medieval, e “Barroca”);
  • parque de estacionamento;
  • infra-estruturas de lazer, como parque infantis, ciclovias, percursos pedonais, espalhados ao longo do parque e que criem várias zonas “ancora”, “portas de entrada no parque”, para as populações que residem ao redor do parque… ;
  • Monumento que utilize a captação de água feita pelo complexo das Sete Fontes, com vista a valorização de todo o Parque Urbano;- etc;

Para que estas infra-estruturas sejam construídas e não se perca o valor do Parque em si, torna-se necessário utilizar as áreas adjacentes à área de protecção, tidas como urbanizáveis, tal como é proposto nas seguintes imagens:

  • 1ª imagem (Imagem “Sete Fontes PAM2”), retira a nova rodovia que invade a zona de Protecção, e contem a alteração ao traçado da Variante, diminuindo de forma significativa o impacto desta no Parque Urbano, e retirando-a ao máximo da zona de protecção, utilizando áreas urbanizáveis adjacentes;
  • 2ª imagem (Imagem “Sete Fontes PAM1) podem observar-se todas as rodovias propostas pela CMB, mas com o percurso alterado, de forma a reduzir o impacto no Parque Urbano e na zona de protecção.

Em ambas as imagens pode observar-se a melhor localização para as infra-estruturas de apoio (museu, monumento, parque estacionamento, …) , e a inclusão das áreas tidas como urbanizáveis que invadem ou não a zona de protecção, passando a parte integrante do Parque Urbano, onde podem ser instaladas as restantes infra-estruturas de lazer e apoio ao parque, transformando assim um mero corredor verde cruzado por várias rodovias, como é apresentado no plano inicial da CMB, num Parque Urbano mais amplo e consolidado, e com vários pontos de interesse, tanto para a população local, como para todos os munícipes, e turistas.

Apesar de não ser o plano ideal, é fácil verificar, que mesmo mantendo toda a infra-estrutura rodoviária proposta, é possível diminuir o impacto desta na zona do Parque, assim como é possível e necessário libertar amplas áreas do vale, dentro e fora da zona de protecção, com vista a melhoria do Parque, e com vista um futuro estudo arqueológico do local, com amplos benefícios para todos os munícipes.

Na imagem “Sete Fontes PAM1 Sobreposto”, pode observar-se as alterações propostas, tendo o plano urbanístico da CMB sobreposto. Espero que os dados em discussão mereçam a devida atenção por parte das entidades competentes, e que os interesses particulares pontuais, não comprometam a criação de um Parque Urbano, Museu, Monumento, e área de estudo Arqueológica, que representam uma mais valia evidente para o município nos diversos níveis (patrimonial, histórico, cultural, …).

Imagem: Sete Fontes PI

Imagem: Sete Fontes PAM2


Imagem: Sete Fontes PAM1_sobreposto


Imagem: Sete Fontes PAM1

Imagem: Sete Fontes PA

5 comentários:

Anibal Duarte Corrécio disse...

Está na altura de começar a pensar que lá mais pró verão poderia acontecer nas 7 FONTES uma iniciativa de convergência do tipo PICNICÃO DA OPOSIÇÃO, que aliasse as vertentes gastronómicas e lúdicas com as da defesa do património...

Zé de Braga disse...

Plenamente de acordo. Mas os da não oposição, também serão bem vindos
Abraço

Anibal Duarte Corrécio disse...

"Mas os da não oposição, também serão bem vindos"

Os da não oposição ? Quem ? os descontentes do PS ? Alguma FSP clandestina ?
Infelizmente em Braga só vejo dois campos : o social-mesquitismo de um lado e a oposição do outro, constituída por todos os outros partidos, excluindo aquele que se autodenomina PS...
Como não estamos a falar de basbaques e como outro eixo da realidade politica não consigo abarcar, seria bem vindo quem viesse por bem... como diz a canção !

Anónimo disse...

Muito me agrada saber que há quem se mexa. A quem se pode levar esta ideia para a fortalecer?

Anónimo disse...

ASPA !