18 junho, 2010

Em memória do "homem livre e insubmisso" - I

Tendo apreciado a maneira digna como nesse blog foi divulgado o desaparecimento do Ademar F Santos, envio uma carta que mandei ao director do Expresso e que foi publicada na edição do dia 12 com ligeiros cortes. Podem fazer dela o uso que entenderem.
Cordialmente,
Henrique B. Nunes


Exmo sr director do Expresso
gostaria que fosse publicada nesse semanário a seguinte carta:

EM MEMÓRIA DE ADEMAR FERREIRA DOS SANTOS

Durante alguns anos, na década de 80 do século passado, o Expresso teve uma voz e uma presença em Braga e no Minho. Chamava-se Ademar Ferreira dos Santos, foi correspondente desse jornal e a sua colaboração deixou marcas profundas. Integrou-se perfeitamente na linha de investigação jornalística que o Expresso nessa altura tão bem praticava, com uma escrita culta e de extrema contundência, ironia e coragem.

Destacaram-se as denúncias que fez sobre a gestão dita socialista da Câmara Municipal de Braga, liderada, como hoje continua a ser, por Mesquita Machado e sobre o "polvo" daí resultante cujos tentáculos procuravam esmagar tudo o que se lhe opusesse. Mas distinguiu-se sobretudo pelo combate que, ao lado da ASPA(associação de defesa do património), então encetou pela compra pelo Estado do Mosteiro de Tibães, então à beira da ruína e da delapidação totais, objectivo que foi atingido com os brilhantes resultados que hoje se conhecem. Para além de inúmeros textos dedicados ao assunto, a atestá-lo fica pra sempre o caderno ExpressoHistória, publicado em 27 Março 1982, de 12 pags., por ele totalmente redigido sob o título «Mosteiro de Tibães: quando as árvores morrem de pé» e que causou grande repercussão no país.

Ademar Ferreira dos Santos, que era um homem livre e insubmisso, faleceu repentinamente, tinha 58 anos, no dia 22 de Maio. Apesar de a imprensa ter noticiado o facto, o Expresso, que além de já ter perdido a alma também está a perder a memória, não lhe dedicou uma única linha.

Com os melhores cumprimentos,
HENRIQUE BARRETO NUNES,

7 comentários:

Anibal Duarte Corrécio disse...

Seria útil que alguém nos facultasse o texto «Mosteiro de Tibães: quando as árvores morrem de pé» para o evocarmos.

Uma ideia interessante era a seu reaparecimento na blogosfera.

Estamos convencidos que não só BragaMaldita, como O Farricoco -blogues que divulgaram igualmente de uma forma digna o desaparecimento do Ademar F Santos,- o publicariam.

Farricoco disse...

Caro Anibal
Apesar de o Je e o falecido ter-mos pertencido em tempos à mesma organização politica.
Foi ele que me apresentou em Coimbra a cabeça do Salazar, acabada de ser decapitada em Santa Comba.
Não morríamos de amores um pelo outro.
Como não costumo mudar de opinião com as pessoas neste mundo ou no outro, não passei a ir à missa dele.

Mas, como já tinha atrás afirmado, em relação ao seu trabalho no Expresso sobre o caso de Tibães, assino por baixo.
Julgo ter essa reportagem comigo, não sei se vai ser fácil encontra-la. Caso suceda, ponho-a á disposição de todos.

dumemartinho disse...

Oh Farrico;
O teu amigo Nasco, é que não vai achar piada à brincadeira.

Anibal Duarte Corrécio disse...

oK !

Zé de Braga disse...

Amigo Farricoco: Presta mais esse serviço à comunidade.
Obrigado pelo empenho.

Farricoco disse...

Caros Zé,Martinho e Anibal;
Alguém se lembra, mais coisa menos coisa da data da saida da reportagem no Expresso. Isso facilitava.
Abç

Zé de Braga disse...

Caro Farricoco: O trabalho em questão foi publicado no !caderno ExpressoHistória", publicado em 27 Março 1982,
abraço