26 setembro, 2011

Selecção de futebol - Cavaleiros da Ordem do Infante Dom Henrique

Exmo. Sr. Presidente da República, Dr. Aníbal Cavaco Silva,

o meu nome é Ctarina Patrício, sou licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, fiz Mestrado em Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, sou doutoranda em Ciências da Comunicação também pela FCSH-UNL, projecto de investigação "Dissuasão Visual: Arte, Cinema, Cronopolítica e Guerra em Directo" distinguido com uma bolsa de doutoramento individual da Fundação para a Ciência e Tecnologia. A convite do meu orientador, lecciono uma cadeira numa Universidade. Tenho 30 anos.

Não sinto qualquer orgulho na selecção de futebol nacional. Não fiquei tão pouco impressionada... O futebol é o actual opium do povo que a políticasubrepticiamente procura sempre exponenciar. A atribuição da condecoração de Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Henrique a jogadores de futebol nada tem que ver com "a visão de mundo" (weltanschauung) que Aquele português tinha.
A conquista do povo português não é no relvado. Sinto orgulho no meu percurso, tenho trabalhado muito e só agora vejo alguns resultados. Como é que acha que me sinto quando vejo condecorado um jogador de futebol? Depois de tanto trabalho e investimento financeiro em estudos?!! Absolutamente indignada.

Sinto orgulho em muitos dos professores que tive, tanto no ensino secundário como no superior. Sinto orgulho em tantos pensadores e teóricos portugueses que Vossa Excelência deveria condecorar. Essas pessoas sim são brilhantes, são um bom exemplo para o país... fizeram-me e ainda fazem querer ser sempre melhor. Tenho orgulho nos meus jovens colegas de doutoramento pela sua persistência nos estudos, um caminho tortuoso cujos resultados jamais são imediatos, isto numa contemporaneidade que sublinha a imediaticidade. Tenho orgulho até em muitos dos meus alunos, que trabalham durante o dia e com afinco estudam à noite....

São tantos os portugueses a condecorar... e o Senhor Presidente da República condecorou com a distinção de Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Henrique jogadores de futebol... e que alcançaram o segundo lugar... que exemplo são para a nação? Carros de luxo, vidas repletas de vaidades... que exemplo são?!

apresento-lhe os meus melhores cumprimentos,

Catarina

1 comentário:

cunhal das parretas disse...

A indústria futebolística cresceu e enriqueceu baseada na alienação e no fanatismo do povo!

À medida que o futebol foi se tornando mais e mais popular, surgiram as chamadas claques organizadas e com elas, grande parte das confusões e tumultos que muitas vezes transformam a saída dos estádios num inferno até para quem não foi no jogo.

Para algumas pessoas a equipa é quase uma religião sem a qual a vida deles não teria sentido.

Uma tremenda estupidez visto que não ganham nem um cêntimo do clube.

São inúmeros aqueles que conhecem de cor o número das botas dos jogadores, sabem quem vai ser contratado ou quem se vai embora, mas não sabem nada sobre os problemas de Braga ou qualquer outra coisa útil.

É deprimente saber que existem cidadãos que preferem passar o fim de semana inteiro assistindo aos jogos na SPORTTV ou no estádio em vez de dar atenção à esposa e aos filhos; a justificação é sempre a mesma: querer “descansar” após uma dura semana de trabalho.DESOPILAR ! Como se ter uma família já não fosse uma das maiores bênçãos que o homem pode desfrutar. Isto tudo sem falar das somas milionárias que são pagas a clubes e jogadores. Valores que chegam a ser imorais quando pensamos na quantidade de pessoas que passam fome e outras privações por Portugal e o mundo fora.

Alguns até são de esquerda, comunistas, sem se darem conta que estes rios de dinheiro vêm de poderosas empresas que exploram justamente o fanatismo das pessoas que idolatram o futebol.

A única solução para refrear tudo isto seria um boicote em massa aos jogos.

Infelizmente isso é algo tão difícil de acontecer como os porcos passarem a voar...