10 dezembro, 2007

Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal,
Desde que os homens inventaram o telescópio Hubble e a Estação Espacial, têm aumentado os boatos sobre um OVNI que cruza os céus no mês de Dezembro e que, muitos juram, tem a forma de um trenó puxado por renas.
Segundo observações mais precisas, parece até que esse suposto trenó voador seria pilotado por um sujeito meio gordinho, de barbas brancas e vestido de vermelho. Assim, parece-me que existem boas chances da sua existência ser um facto e não apenas uma tradição de Natal.
Esta carta, por consequência, é uma aposta que pode não dar certo. Rogo, entretanto, caso o sr. Pai Natal seja simpático, que me perdoe pela pouca fé e não me negue o pedido que lhe faço a seguir:
- Gostaria de lhe pedir um presente para todos os portugueses. É isso mesmo! Um presente nacional! Gostaria que cada um de nós, nesta noite de Natal que vai chegar, ficasse politicamente consciencializado. Assim, de repente, ao soar a meia-noite! Se o pedido lhe parecer absurdo, peço que considere a razão que a seguir exponho.
A respeito dos portugueses, dizem constantemente, que nos falta consciencialização política. Já disseram muitos figurões que não sabemos votar. Podemos saber apurar muito bem, mas não sabemos votar. Por tal motivo é que elegemos tantos políticos corruptos e governantes incapazes o que obriga o nosso povo, por ocasião do Natal, a escrever cartas e mais cartas para si, Pai Natal, pedindo presentes complicados como emprego, educação, saúde, honestidade, transparência, ética e outras coisas tão difíceis de encontrar. Como bem sabe, o povo português é gente boa, solidária, trabalhadora e confiante no futuro. Merece este presente para poder construir a sua grande nação!
Desta forma, se o senhor puder atender meu pedido, tenho a certeza que, nos futuros Natais deste milénio, as cartinhas que irá receber só falarão de bicicletas, patins, skates, mp3, bolas de futebol, bonecas, videogames e outros presentes muito fáceis de conseguir na sua oficina de Natal.

Desde já, deixo o meu muito obrigado e fico à espera de dedos cruzados.
Texto adaptado de Arnaldo P. Ribeiro, dez/2000

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