24 março, 2009

O Futuro não passa por aqui

"Acerca do acerca das Sete-Fontes"


A Juventude Socialista – Concelhia de Braga reuniu na semana passada com o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Braga (CMB) e Vereador do Urbanismo, Dr. Nuno Alpoim, de modo a perceber e debater o entendimento da gestão municipal sobre a zona das Sete Fontes.

Mais uma vez, e sem qualquer tipo de surpresa, constatamos que afinal o que algumas pessoas, ávidas de protagonismo, dizem sobre o futuro daquele espaço e o que realmente está previsto para o mesmo é totalmente distinto.

- Não se trata de protagonismo de algumas pessoas, mas sim de preocupações sérias por parte dos cidadãos, com o destino traçado para o complexo eco-monumental das Sete-Fontes. Todos nós sabemos que nos últimos 32 anos, o partimónio arqueológico de Braga foi negligenciado e selvaticamente destruído pela CMB. Nem durante as invasões francesas houve semelhante destruição
- Lembram-se dos casos da “Praia das Sapatas” e de outros atentados na Colina de Maximinos?
- Lembram-se da Capela românica de S. Lázaro?
- Lembram-se da destruição do espólio arqueológico surgido aquando da construção do túnel da Avenida, denunciado publicamente no DM, com a coragem, determinação e ética profissional, do então jornalista João Paulo Mesquita, hoje assessor de imprensa de Mesquita Machado?
Perante estes e outros casos "vergonhosos", acham que os bracarenses podem ficar sossegados com este tipo de gente sem escrúpulos?

Assim, porque é de facto importante esclarecer as pessoas sobre a gestão do património colectivo nas suas mais diversas vertentes, gostaríamos de dar nota pública sobre o teor desta reunião de modo a que os bracarenses percebam o que de facto está em causa relativamente àquele local.

Primeiramente importa esclarecer o contexto histórico. Ao contrário do que alguns querem fazer crer, a preservação do conjunto patrimonial das Sete Fontes sempre foi assumida pelo município de Braga. Aliás, muito antes de outros verem nesta causa uma arma de arremesso político, já a CMB tinha reflectido essa preocupação no PDM de 1994, com a inclusão de uma carta patrimonial, na qual se incluía o complexo das Sete Fontes, mesmo apesar de então tal não ser legalmente exigido nem o complexo estar classificado como património nacional, o que só aconteceu em 2003.

- Preocupações? Com projectos de construção de alta densidade aprovados para o para o local?

- Consultem o JN de 01 de Março de 2008: "Pretendemos uma pacífica adequação do projecto ao espaço. Como havia uma parte da edificação que se aproximava da zona de canal, houve a necessidade de rever o projecto. Mas somos nós que queremos fazer tudo em consonância com o parecer da UA", destaca José Manuel Henriques, presidente do ISAVE, lembrando que, para o local, existiu (antes da aquisição pelo ISAVE) um projecto de quatro prédios de grandes dimensões.

- Porque é que a CMB não avançou com o pedido de classificação das Sete-Fontes como monumento nacional antes da ASPA o fazer? Porque é que a CMB fez tudo por tudo para que a ASPA não fosse reconhecida como entidade de utilidade pública?
- Com que direito fala a CMB das Sete-Fontes como monumento classificado, uma vez que nunca mexeu uma palheira para que tal acontecesse, antes pelo contrário?

- Quem desde há muitos anos visita as Sete-Fontes com regularidade, apercebe-se do seu progressivo abandono e degradação, bem como das tentativas (sempre frustradas) em impedir a passagem dos visitantes, ora com cadeados, ora com arames nos portões, ora mesmo com cães para intimidar. As limpezas das silvas e a desobstrução dos acessos, só são feitos praticamente e apenas em anos de eleições.

Tentem falar com quem lá trabalha ou trabalhou, que rapidamente se apercebem da tristeza, da angústia e do medo que essas pessoas têm em falar…..

Desde então essa preocupação tem-se mantido nas revisões do PDM, sendo que o mesmo teve que se adequar à localização do novo Hospital de Braga, equipamento reivindicado com toda a justiça há mais de 20 anos e que finalmente começa a ganhar forma, o que indiscutivelmente elevará os padrões de qualidade de vida de todos os bracarenses, pelas novas valências na área da saúde que irá proporcionar.

-Discurso fantástico para desviar a atenção dos cidadãos, do essencial para o acessório que mais convém.
Uma dessas valências, como todos sabem, será o carácter universitário do novo hospital, pelo que imaginar a sua localização num outro local que não o actual não seria minimamente sensato. Sendo este ponto pacífico e estando a generalidade das pessoas de acordo quanto a isto, a questão prende-se com as acessibilidades ao novo hospital e a conjugação das mesmas com a preservação das Sete Fontes.

- Porque é que primeiro avançaram com a obra e só na fase final é que vão arrancar os acessos? Costuma ser ao contrário. Assim, conseguem desta forma, enganar o Zé povo, com os habituais argumentos associados à política do facto consumado.

E é precisamente aqui que começa aquilo a que nós apenas podemos chamar de puro aproveitamento político. De facto, olhando para os mapas e sobretudo para o próprio terreno, não é difícil perceber que não restam muitas alternativas à construção da variante que fará a ligação da circular interna ao novo Hospital. Claramente, e sem qualquer tipo de rodeios, esta ligação implicará obrigatoriamente a utilização da zona envolvente às Sete Fontes. Dizer o contrário é pura demagogia.

- Alternativas existem, mas podem ir contra os interesses instalados.

Desafio a CMB a promover um debate público, com especialistas das várias áreas que envolvem a temática. É evidente que o presidente tem que lá estar, os oradores têm que ser pessoas idóneas (escolhidos entre a sociedade civil e académica) e tem haver debate livre.
Desafio também o "Farricoco" e o "Aníbal Corrécio" para, juntamente comigo, constituírmos o painel de animadores da sessão. Seria bom, mas tenho a firme certeza de que na CMB, não existe gente com coragem (sin. tomates) para tal.

Chegamos então à pergunta sacramental: Significa isto que a ligação ao novo Hospital implicará a destruição, de uma parte que seja, do actual património das Sete Fontes? A resposta é não.

- Não assumem a destruição, mas não desmentem a descaracterização.

De facto esta ligação não implicará qualquer prejuízo para o património actual, facto bem patente na aprovação por parte do IGESPAR do projecto de ligação ao novo Hospital, sujeito, a pedido da Câmara Municipal de Braga, a estudo de impacto ambiental, o que implicará algumas zonas em viaduto, sempre com o objectivo de proteger o edificado existente.

- Que está a fazer o estudo de impacto ambiental? Já arrancou ou vai arrancar após o início das obras?

Aliás, ao contrário do que muitos dizem, a CMB informou-nos que não só a preservação está garantida como inclusive está a ser ultimado um plano de pormenor para a zona, o qual será apresentado publicamente dentro de um a dois meses, e que garantirá a criação de um parque público, que melhorará significativamente a qualidade de vida das populações vizinhas e igualmente permitirá a todos os interessados conhecer de forma cómoda o património das Sete Fontes.

- Nuno Alpoim garantiu ao JN (Ed de 03 de Março de 2008) a "protecção total" do património classificado, revelando que, numa segunda fase do processo, as juntas de freguesia afectas às Sete Fontes - S. Victor, Gualtar e Adaúfe - vão ser chamadas a pronunciarem-se, tal como o IGESPAR, na concepção e execução do novo parque urbano.
Este plano - ainda em fase de anteprojecto - vai contra as preocupações de todos aqueles que defendem um "pulmão verde" nas Sete Fontes, cujos espaços, mesmo aqueles fora da zona de protecção, deveriam ser votados ao recreio e lazer. Esta é a posição assumida por Firmino Marques, da Junta de S. Victor, que receia pela "destruição" de um património ímpar da cidade.

-Fazer um parque da cidade com 100m de largura? Valha-nos Deus. Até parece aquele enorme parque verde com cerca de 7.000 m2 anunciado para Fraião. Enorme porque em Braga nunca se fizeram parques verdes nos últimos 32 anos e talvez nem saibam o que isso é. Vejam os exemplos de Chaves e de Guimarães, para não falar do Porto.

Além disso, todo o plano previsto para esta zona, não só permitirá uma preservação plena do património existente, como permitirá ainda a ligação de duas zonas habitacionais que se encontram divididas precisamente pelo vale das Sete Fontes, o que constitui também uma inegável mais-valia futura, não só para os residentes da zona, mas também para o desenvolvimento harmonioso da cidade como espaço colectivo, integrado e sem exclusões.

- Em Lamaçães, com a construção da rodovia, dividiram a zona residencial em duas: Lamaçães de Lá e Lamaçães de Cá. Ou seja, em Lamaçães, separaram o que a natureza tinha unido. Nas Sete Fontes querem unir o que a natureza nunca o fez. Francamente! e chamam a isto desenvolvimento sustentável (santa ignorância meu Deus).

Dito isto, e sobretudo tendo constatado na própria reunião, através de alguns documentos de trabalho, que este projecto não se trata de um qualquer plano teórico mas sim de uma realidade a implementar em breve, gostaríamos de lamentar a atitude daqueles que nunca se preocuparam verdadeiramente em saber a verdade e limitaram-se a explorar de forma demagógica e irresponsável este assunto, perseguindo certamente outros fins que não o interesse colectivo dos bracarenses. Não é certamente este tipo de atitude que a nossa comunidade necessita.

- Se existe demagogia, ela está bem patente neste comunicado da rapaziada social-mesquitista. É pena que a CMB e o PS-Braga, só pensem desta forma (se é que pensam) apenas para fins eleitoralistas, pois a prática revela precisamente o contrário.

Por fim gostaríamos de agradecer a disponibilidade do Dr. Nuno Alpoim em nos receber e explicar em detalhe os planos de intervenção para a zona das Sete Fontes, esperando que a revitalização do espaço, conforme planeado, possa ocorrer o mais brevemente possível, para benefício das populações. Estamos certos que será uma mais-valia para a cidade e para os bracarenses.

- Por fim, o povo de Braga, gostaria que o Senhor Nuno Alpoim ou o Senhor Vice Presidente da CMB ou mesmo o Senhor Vereador do Urbanismo (qualquer um deles serve), nos explicasse com clareza, os contornos da venda do terreno ao ISAVE e porque é que a CMB ou o Sr. Alpoim ou o referido Sr. Vereador, não acautelaram a salvaguarda da zona envolvente do Canal, para além dos 50 m considerados por lei, tal como propôs o Sr Presidente da Junta de S. Victor. Seria uma belíssima oportunidade para a CMB provar que está a falar sério e de forma bem intencionada.

6 comentários:

Duarte de Armas disse...

Caro Zé de Braga,

Obrigado por nos elucidar sobre estas situações e por decantares o texto/comunicado dos jotinhas mandados num português claro. Bem sei o quão fã és das 7 Fontes e como este executivo camarário é averso a este espaço.
É importante obtermos respostas às tuas questões e muito seria aprazível que a CMb tivesse coragem para debater publicamente o projecto.
Longa vida a quem batalha incansavelmente por esta causa. Uma saudação especial para ti, para o Farricoco, para o Amigo Anibal, para a ASPA e para a Junta de Freguesia de S. Victor por não deixarem cair esta situação no esquecimento.

Batalharemos com as armas que temos!

Anibal Duarte Corrécio disse...

Em frente com o debate !

Anónimo disse...

Falar a sério e de forma bem intencionada ? Nunca na vida ! Esperai sempre mentira, hipocrisia,e se tiverem dúvidas sobre a realidade, multipliquem-na por dois e estareis mais próximos daquilo que a vossa intuição vos disser.

Anónimo disse...

ainda não decidi, mas só se que não vou por aí

Ana Galvão disse...

São tudo enormidades, factos deturpados e raciocínios turvos de forma sempre a chegar à mesma conclusão : Que a culpa é do Dr.Nuno Alpoim e que a outra culpa é do Eng. Mesquita Machado. Aqui, como nos outros dois blogues, a que faço em VIVABRAGA hoje referência, é sempre a mesma coisa : denegrir Braga e os seus legítimos eleitos. Sr. Zé de Braga : pode esperar sentado, porque esse debate nunca terá lugar, nos moldes em que o senhor o propôs.

Anónimo disse...

O Aninha não haverá debate seja em que moldes for. Com o défice democrático que a câmara municipal demonstra logicamente que esse debate é impossível Já agora quem é o Sr.. da câmara que tem ou teve lá um terreninhos á volta das sete fontes? Sabes?