27 junho, 2009

Mentir é feio, mesmo no teatro.

Começou mais uma edição do festival de teatro Mimarte

Presos por uma corrente de ar foi a peça que abriu o festival, levada a palco pelo Teatro Regional da Serra do Montemuro.
Basicamente, a comédia baseou-se na construção de “mais uma rotunda” em véspera de eleições (embora o programa do festival faça referência a uma candidatura a património da humanidade).

Na peça, estão lá representados os mitos típicos de uma autarquia de provincia que até faz lembrar a nossa terrinha: o presidente da câmara; a rotunda; o empreiteiro; os trabalhadores imigrados; o padre; os compadrios e oportunismos; o saco azul e as derrapagens orçamentais; a mulher recalcada, beata e a rebentar de libido pelas costuras. Não faltaram também as alusões à promiscuidade do submundo nocturno, envolvendo empreiteiros, chefes de Divisão, arquitectos “indecisos”, etc., tendo a residencial “Cairense” como referência para os actores.

Todos os ingredientes são misturados com mestria para, de forma simples, bem-humorada e directa, desmascarar o que se passa por essas autarquias fora, desde as mais pequenas às maiores. Tudo é uma questão de dimensão, mas os oportunistas são os mesmos.

Teatro simples, directo e bem-humorado, que descreve uma situação de todos conhecidos, mas que os compadrios ocultam e aqui se desmascaram.
Valeu a pena, como sempre.

No final, foi anunciado que amanhã (hoje, dia 27), caso faça chuva, a peça “Ibéria” – A louca história de uma Península, será transferida para, no Theatro Circo, mas só entraria quem fosse portador do bilhete (gratuito), levantado nas bilheteiras do TC.

Pois bem, por volta das 19:30 horas, dirigi-me às referidas bilheteiras, a fim de levantar os respectivos bilhetes. A senhora que estava ao balcão, informou-me de que não poderia ser, uma vez que já havia uma actividade noctura marcada para o local e que se realizassem lá a peça do Mimarte, iria ser muita confusão e não que não estava nada previsto para o local. Boa tarde e muito obrigado.

Por volta das 20:00 horas, passei pelo Rossio da Sé e nem uma referência ao cancelamento da peça.
Na hora do espectáculo, fomos todos informados de que o mesmo foi cancelado devido ao mau tempo.
Isto não se faz, isto é inaceitável. Era bom que a srª vereadora da cultura fizesse um pedido de desculpas ao povo bracarense, que foi enganado e se deslocou em vão para um espectáculo anunciado, confirmado e depois anulado. Era um gesto de humildade (palavra tão em voga nas hostes socialistas) e que só lhe ficaria bem, mesmo no meio de tanta arrogância.

Para amanhã está prevista a peça “Guignol”, pelo grupo bracarense PIFH. Será que em caso de chuva a senhora vereadora irá repetir a mesma cena (discriminatória) de há uns anos atrás? Ou será que desta vez o PIFH vai actuar mesmo à chuva?

- Olhe que não srª vereadora, olhe que não. O PIFH vai mesmo actuar no Theatro Circo, mesmo contra a vontade de muito boa gente..

3 comentários:

Anibal Duarte Corrécio disse...

Fantástica peça essa Zé de Braga, que pela tua descrição assenta realmente que nem uma luva à sytuação local.Foi preciso virem os de fora para fazerem algo do género..O grupo de teatro cá do burgo não consegue. Corrijo, consegue até... conseguia.Há talento para isso.O problema é de quem dependem.

Unknown disse...

Ó Zé,
olha que o "theatro circo", não é o "teatro circo", por isso, não se podem tomar decisões à revelia dos sacristãos de determinadas capelas, pois eles tê mais poder que os padres....Basta dizerem que perderam a chave ou que não admitem mudanças de ultima hora...
Isto é assim e quando deixares os lirismos dos 30 anos e entrares nos realismos ds 40, vais ver que tenho razão.

Anónimo disse...

Ó Zé, o Sr. João tem uma fixação por si! Cuidado!
"Isto é assim e quando deixares os lirismos dos 30 anos e entrares nos realismos ds 40, vais ver que tenho razão."
Quanto à peça de theatro o Zé não percebeu que estando em causa as autarquias locais - e as suas vicissitudes - a autarquia de Braga esteve à altura da peça, tendo sido ela mesmo a protagonista, embora: surpresa! não estivesse anunciado no programa.
Carlinhos da Sé